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Pesquisa Mensal de Comércio

Vendas no comércio variam -0,1% em junho, terceiro resultado seguido no campo negativo

Editoria: Estatísticas Econômicas | Breno Siqueira

13/08/2025 09h00 | Atualizado em 13/08/2025 11h23

Com queda em Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%), varejo registra terceiro mês de estabilidade - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

As vendas no comércio varejista no país variaram -0,1% na passagem de maio para junho, mantendo o índice no campo da estabilidade pelo terceiro mês consecutivo, após registrarem -0,4% em maio e -0,3% em abril. Com isso, a média móvel foi de -0,3% no trimestre encerrado em junho. Já o acumulado no primeiro semestre do ano fechou em 1,8% e, nos últimos 12 meses, o ganho foi de 2,7%. Na comparação com junho de 2024, houve alta de 0,3% no volume de vendas. No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas caiu 2,5% em junho e o primeiro semestre fechou em 0,5%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (13) pelo IBGE.

Cristiano Santos, gerente da pesquisa, aponta que essa é uma estabilidade com viés de baixa, pois os três resultados combinados já dão uma distância de -0,8% em relação a março, quando houve a última alta.  “No entanto, março foi justamente o fim de um período que levou ao patamar recorde da série histórica do Índice de Base Fixa. Portanto, um dos fatores para essa queda combinada dos últimos três meses é a base alta de comparação. Outros fatores que também influenciam são a retração do crédito e a resiliência da inflação, no primeiro semestre, em itens-chave, como a alimentação no domicílio”, explica.

 

Houve variações negativas no volume de vendas em cinco das oito atividades do comércio varejista investigadas: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%), Móveis e eletrodomésticos (-1,2%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).

Cristiano explica que a última possui a maior influência no resultado, pois funciona “como um fator âncora, impedindo que o indicador global tenha uma performance pior, já que houve predomínio de taxas negativas no intersetorial”.

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação registrou queda após crescimento em dois dos últimos quatro meses (março e maio). Cristiano indica que esta atividade tem apresentado volatilidade na sua série da margem, alternando meses de alta robusta com meses de queda também intensa. “Esse movimento acontece desde novembro de 2024 e é explicado pelas constantes oscilações do dólar, já que alguns produtos ofertados pelas empresas dessa atividade são sensíveis à variação cambial, o que faz com que as companhias combinem estratégias de elevação dos estoques em momento de apreciação do real com posteriores ondas de promoção”, explicou o gerente da pesquisa.

Por outro lado, os resultados positivos entre maio e junho de 2025 ficaram por conta de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%), Tecidos, vestuário e calçados (0,5%) e Combustíveis e lubrificantes (0,3%).

No comércio varejista ampliado, entre maio e junho de 2025, a atividade de Veículos e motos, partes e peças caiu (-1,8%), assim como Material de construção (-2,6%). Cristiano explica que o primeiro setor também demonstra alta volatilidade. “Esse cenário tem a ver com a oferta de crédito para aquisição de veículos, que, mesmo com a taxa básica de juros em níveis altos, continuou se expandindo ao longo dos seis primeiros meses de 2025”, ressaltou o gerente.

Quatro atividades do varejo cresceram frente a junho do ano passado

Em relação a junho de 2024, o volume de vendas no comércio varejista cresceu 0,3%, com quatro dos oito setores investigados em alta: Tecidos, vestuário e calçados (6,4%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,9%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,6%). As quedas ficaram por conta de Móveis e eletrodomésticos (-0,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,2%) e Combustíveis e lubrificantes (-1,3%).

No varejo ampliado, as três atividades adicionais reduziram o volume de vendas: Material de construção (-3,6%), Veículos e motos, partes e peças (-6,7%) e Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,0%). Cristiano indica razões distintas para as quedas em cada setor. “Para veículos, representa uma base alta, tal como citado anteriormente, já que houve forte expansão no primeiro trimestre de 2024. Além da base mais alta, que ocorreu também com material de construção, há também um fator de redução no ritmo de obras de pequeno porte, também sentida no interanual. Já o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo tem a ver com a diminuição, constante ao longo de 2025, do volume de vendas e do escoamento da produção de grãos nas unidades do CEASA”, evidenciou Cristiano Santos.

Mais sobre a pesquisa

A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.

Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e Unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra. A próxima divulgação da PMC, com os resultados para julho de 2025, será em 11 de setembro.